segunda-feira, abril 28, 2003

O amor de cada um (IV - a)

Por favor, não sejam suficientemente cruéis e me condenem. Entendam que eu já era um velho e não tinha exatamente perspectivas de arranjar alguma moça que aceitasse deitar comigo de bom grado. Minha solução portanto foi contratar uma prostituta, atitude que reneguei por todos meus 56 anos.

Minha última esposa já havia me deixado há mais de 3 anos e desde então não fiz amor com nenhuma outra mulher. E eu tentei sim, como tentei! Mas compreendam que não é fácil, a certa altura da vida, conhecer uma moça, flertar com ela e a convencer que sexo com um velhinho também pode ser bom.

Houve um dia em que quase consegui. Já eram duas da manhã, tínhamos nos conhecido no Bingo Arpoador, não havíamos ganhado nada, mas com duas cubas eu consegui deixar Marta, 53 anos, ligeiramente alegre. Saímos juntos. Eu, Marta e meu velho Dodge Magnum 79 iríamos dali direto para meu apartamento no Humaitá. Mas Marta começou a falar de sua neta pré-adolescente. E tudo que eu não queria ouvir era qualquer lembrança que eu não tinha mais a virilidade que caracterizara meus vinte e poucos anos. Eu tinha um medo danado de broxar e preferi deixar Marta na casa de sua filha na Urca.

Pois bem, esqueçamos Marta e voltemos à profissional, chamada Adriana. Cheguei a ela através de uma agência de acompanhantes, indicação de um amigo engenheiro, Eduardo, um cliente recorrente. A agência funcionava num prédio do Centro do Rio próximo à Candelária. Meio ressabiado, compareci ao local. O prédio devia ser do tempo de Pereira Passos, mais velho do que eu - confortei-me. A agência funcionava no sétimo andar e não tinha indicação nem na portaria, nem na porta. Toquei a campainha e uma moça, não das mais atraentes, apareceu. Usava um vestidinho azul meio amarrotado e sua voz era daquelas estridentes, incômoda mesmo. Até hoje eu lembro do som arrastado do "a" daquela atendente.

- Boa tarde. O que o senhor deseja?
- Ah, hum, ah, é, quero dizer, aqui funciona a...
- Agência de Acompanhantes Êxtase Total.
- Exato. Estou no lugar certo então. Poderíamos conversar aí dentro?
- Desculpe, senhor. Meu nome é Ana. Por favor, entre, entre. Fique à vontade, puxe uma cadeira... aceita um café?
- Não, não, muito obrigado. Eu não vou ficar muito tempo. Eu vim somente para escolher uma... acompanhante.
- Claro, claro. Deixa eu pegar os catálogos. Alguma preferência de idade?
- Ah, talvez, bem, não sei.
- Senhor, é sua primeira vez numa agência de acompanhantes, certo? - perguntou a cretina, com um certo riso no canto da boca.
- Não, não, claro que não, estou acostumadíssimo - não sei o porquê, mas resolvi disfarçar meu desconforto - Mas é que acordei um tanto indisposto hoje, com dor de cabeça, essas coisas.
- Pobrezinho. E o senhor já tomou algum remédio, quer alguma coisa?
- Não, não. Estou bem, tomei uma novalgina e estou bem melhor, obrigado. Falávamos da idade, certo?
- Isso.
- Ah, vocês trabalham com quais faixas etárias?
- Todas acima de 18 anos.
- Ah. Então eu prefiro algo entre 18 e 21 anos.
- Okay. Mulheres, certo?
- Como?
- O senhor quer uma moça ou um rapaz?
- Uma moça, óbvio - respondi irritado.
- Desculpe-me senhor, é que nós não discriminamos ninguém.
- Lógico, nem eu o faço, apenas me assustei com a pergunta.
- E qual seu tipo físico preferido?
- Deixa eu pensar. Gosto de cabelo curto, brancas, na verdade gosto de peles bem brancas, nada de silicone, isso não é do meu tempo, entende? Não me importa a cor do cabelo - respondi, sentindo-me num mercado.
- Olhos?
- Tem que ter os dois - estupidamente disse, tentando espantar minha tensão - De resto, tanto faz. Ah, e também gostaria de uma moça que gostasse de conversar, batesse um papo, jogasse um buraco, essas coisas.
- Claro, claro. Olha, com essa descrição eu acho que só temos 3 moças. É um pouco difícil achar moças bem brancas como o senhor quer. Para quando é?
- Hoje à noite dá tempo?
- Sim, sim, acredito que dê sim. Dê uma olhada nas moças e veja qual é de sua preferência.

E lá estava eu, analisando fotos e perfis de três belas moças com idade para serem minhas filhas. Chamou-me mais atenção Adriana, por seu perfil garantir que ela gostava de ler Garcia Márquez. Eu tinha que escolher de algum jeito afinal. Incomodava minha consciência, porém, seus 19 anos.

- Olha, eu gostei dessa Adriana.
- Ah, ela é um doce de menina.
- Parece ser.
- Você quer alguma coisa especial ou apenas o básico?
- Ah, e o que você chamaria de "coisa especial"? - perguntei curioso.
- Olha, a Adriana topa casais, algumas brincadeiras... Mas há certas coisas que algumas moças não topam fazer, como zoofilia ou necrofilia, por exemplo.
- Não, não, pode esquecer. Ela só vai acompanhar a mim e não vou querer nada muito fora do habitual. Sou um tradicionalista.
- Mas também não é assim. De fantasias, ela topa tudo. É só o senhor escolher.
- Não, não será necessário, pode ter certeza.
- Então tudo bem. Como vocês vão se encontrar?
- Hum, eu posso passar para buscá-la em algum lugar.
- Tudo bem. Vou fazer o contato e depois o senhor pode ligar para o celular da Adriana. O senhor já conhece nosso preços?
- Ah, claro, claro, meu amigo me falou. 400 reais a noite inteira, certo?
- Isso mesmo. E pagos adiantados.
- Sem problemas, aqui está.

Então paguei os 400 reais e Ana ligou para Adriana. Tudo acertado, saí de lá com o telefone da moça na minha agenda.

(continua em breve)

sexta-feira, abril 25, 2003

Companheiros (III)

Dudu - Foca original. Figurinha difícil, difícil. Vem da roça e gosta de tirar onda de punk, mas na verdade não passa de um playboy morador da Barra. Às vezes ele é a pessoa mais divertida do mundo, inteligente, bom papo, ótimo interlocutor. Às vezes ele simplesmente assume seu autismo e passa a ser a pessoa mais ranzinza e chata que existe. Até parece dupla personalidade. Nossa amizade começou com um papo sobre David Lynch e Pink Floyd. E já fui num motel com ele.

Leo - Foca original. Roceiro, careca e conservador. Não bebe, não fuma e só começou a fuder há pouco tempo. O Leo é daqueles amigões para todas as horas, daqueles caras que sempre vamos poder contar. É um dos melhores amigos para se divertir junto, pena que o infeliz é preguiçoso e pouco apareça. Tem uma paixão estranha pelo Bon Jovi e outra invejável pela vida. Ele parece ter uma confiança em si mesmo incrível - e tem razão para isso! Seu pai é meu eterno parceiro de cachaça! Às vezes eu tenho ciúmes dele com a Tati. ;-)

Wawá - Foca original. A melhor forma de definir o Wawá é revelando sua naturalidade. Ele é baiano. E como ele é baiano! É um doce de pessoa, pouco se aborrece, não tem pressa para nada. Lembro uma vez, há uns 5 anos, pouco nos conhecíamos, o Wawá chegou para mim e falou "vamos para a Bahia de carro". E como ele dirigia mal. Pois bem, não fomos para a Bahia, mas daí surgiu a primeira viagem do pessoal da faculdade. E nessa viagem não comeram o cu do Wawá. É amigo para todas as horas.

Chris - Foca original. Ah, mas como falávamos mal das pessoas quando voltávamos juntos para a Ilha. E como falávamos dos dotes físicos femininos! Apesar da aparência de chatubeiro, o Christiano tem valores éticos bem fortes e rígidos. Além disso, ele sempre foi bem reservado sobre sua vida pessoal. Devia se abrir um pouco mais. O Chris infelizmente deu uma sumida, tá tentando outro rumo na vida. Desejo sorte para ele.

Alexandre - Foca original. Velho ranzinza. Vive resmungando pelos cantos. O Alexandre é a pessoa que eu telefono e encho o saco quando preciso de um favor. E ele sempre é solícito. Sua maior qualidade talvez seja seu maior defeito: o Xandoca entrega-se com todo seu coração às coisas que faz. Da faculdade, deve ser a pessoa com quem eu mais viajei. Passamos um reveillon fodão acampados numa tempestade em Trindade. O Xandoca é um cozinheiro nato e seria uma das poucas pessoas que eu conseguiria morar junto. Já fui num motel com ele.

Divirto-me bastante nesses testes, mas nunca imaginei que colocaria um negócio desses aqui. Porém, o resultado desse foi tão curioso... Por que será?

lolita
"Lolita" (1962)

Which Stanley Kubrick movie most represents you?
brought to you by Quizilla

terça-feira, abril 15, 2003

Companheiros (II)

Gil - Não lembro exatamente quando conheci o Gil. Não importa, no dia seguinte esse cretino já era um dos meus melhores amigos. Foi impressionante como ficamos tão amigos tão rápido. O Gil tem tudo para ser uma pessoa genial e bem sucedida no futuro, mas antes deve perder um pouco desse comodismo que corre em suas veias. Ele é a pessoa perfeita para dizer as coisas que eu sei estarem certas, mas que hesito em acreditar. Admiro ele pela forma como se declarou para uma guria numa certa vez.

Marina - Talvez ela seja a única pessoa no mundo que já tenha me amado e odiado com a mesma intensidade. Estranhamente, gostamos das mesmas coisas mas discordamos sobre tudo. O que mais admiro na Marina é a forma como ela é transparente em seus sentimentos. Tão transparente que às vezes faz besteiras - e já me deixou puto e triste por isso. É a pessoa que mais me deu tapas na cara. Uma velha foto tirada na serra é a única forma de entender o significado de nossa amizade. Também já fui num motel com ela.

Luis - Roceiro, alcoólatra e pai. Admito que juntos, eu e Luis, somos extremamente irritantes. Já corremos pelados em Bacaxá, bebemos pinho brill e tentamos convencer uma guria a visitar um motel conosco, entre outras diversões. Luis sabe terminar as discussões de uma forma genial, mas às vezes insuportável. Ele é o detentor das verdades absolutas. Às vezes entramos em crise e confundimos nossas personalidades. Várias pessoas acham que deveríamos namorar. E eu também já fui num motel com ele.

Patrícia - Há muito tempo, num bairro muito distante, eu fui amigo dessa menina. Andávamos sempre juntos - eu, João, Paty e Ton. Ela se sentia o máximo no meio daqueles três garotões bobões que ficavam admirando seus belos seios. Acho que só o João realmente teve o que almejávamos. Há até uma especulação sobre a paternidade do filho da Patrícia. Outro dia ela me ligou, mas falou tanto que a última impressão que fiquei dela é a chatice.

Eduardo - Chato. Já viajei com ele inúmeras vezes e posso afirmar que ele é chato. O Eduardo convive com um duende em sua cabeça que lhe conta coisas e o faz tomar atitudes estranhas. Ele possui uma sinceridade invejável convivendo com um imenso coração e sempre tem opiniões secas e radicais sobre assuntos banais. Foi um dos responsáveis por uma das 3 viagens mais bacanas da minha vida ter sido realmente foda. Amo o Eduardo e ele sabe disso. Odeio quando ele fica deprimido.

Renata - Se eu simplesmente pudesse escolher uma pessoa para casar, essa pessoa seria a Renata. Apesar dos vários problemas que essa garotinha tem, ela é uma pessoa extremamente adorável, amável, amiga e companheira. Gostaria muito que ela acreditasse que ela é bem mais importante para mim do que pensa. Também gostaria que ela parasse de se importar com coisas pequenas. A Renata me odeia quando eu não falo as coisas que ela quer ouvir. Estava comigo noutra das 3 viagens mais bacanas que já fiz. E também já fui num motel com ela.

sábado, abril 12, 2003

Companheiros (I)

Inspirado em uma das inúmeras listas de internet que assino, vou escrever um pouco sobre meus companheiros de vida. Não há nenhum tipo de ordem nesses comentários e, se alguém se sentir desprestigiado, tem todo direito de me cobrar mais consideração. Aos que aparecerem nessa lista, podem ter certeza, estimo todos vocês, amo alguns, já amei outros e até posso amar mais alguns no futuro.

God - Foca 2ª geração. Eu tenho uma facilidade incrível em fazer amigos e trato todo mundo como melhores amigos de anos. Mas numa época aí resolvi que iria me fechar completamente para amizades - eu já tinha muitos amigos e não conseguia nem cumprir minhas "obrigações" com eles. Pois é, só que aí eu conheci o Godinho e por ele ser tão, mas tão adorável, fui obrigado a abrir uma exceção. Temos muito em comum. O que mais admiro nele é sua sensibilidade.

Maíra - Adoro papear com a Maíra. É minha japa preferida e uma das poucas publicitárias (maldita raça) que afirmo ser realmente inteligente. Temos nos visto pouco, o que é bastante triste. A Maíra tem um péssimo problema de oscilação de humor que rezo para que ela consiga resolver um dia. Outra oração que faço é para o São Fafinha. É impressionante como esse cara faz bem para Maíra! Ah, eu já fui num motel com ela!

João Paulo - Esse aí é um caso especial, somos amigos há muito tempo - desde os dois anos de idade, mais ou menos. Numa época da vida estressava-se com facilidade. Hoje em dia o João é um cara mais zen e leva a vida numa boa. Talvez seja um dos sujeitos mais corretos que eu conheço. Há pouco tempo me surpreendeu bastante. Fiquei preocupado, mas confesso que adorei essa surpresa e espero que ele continue surpreendendo! Cair na porrada com ele, quebrando objetos de um quarto de hotel na Suíça, foi dos melhores momentos da minha vida.

MariCris - Como eu sinto a falta dessa guria! Tá na Inglaterra estudando cinema e pouco temos nos falado. Quando eu a criticava pelas besteiras que ela fazia, ela costumava dizer que eu não tinha o direito de criticá-la porque éramos iguais. Nesse "iguais", lê-se "cretino que não consegue controlar sensações e sentimentos e pouco se importa com isso". Pois é, ela costumava estar certa. Volta pro Brasil, MariCris!

Dedé - Foca 2ª geração. Não por acaso, escrevo sobre o Dedé abaixo da MariCris - longe de querer provocar choros e saudades, lógico! Dedé é o cara mais sangue-bom que existe, raramente se aborrece. Houve uma época em que saíamos muito, nos víamos sempre, enchíamos a cara juntos e conversávamos bastante. Hoje em dia temos nos visto menos, mas tenho certeza que isso incomoda tanto a ele quanto a mim. Lembro do dia que rodei hospitais do Rio atrás desse maluco!

Andressa - A Dressinha foi minha melhor amiga de alguns bons anos. Nos víamos praticamente todos os dias, saíamos direto e eu vivia na casa dela. Numa época quase confundi nossa amizade com algo a mais. Felizmente resisti. Eu não falo com a Andressa há uns 3 ou 4 anos, o que me entristece muito. Considero um namorado muito escroto que ela arrumou o motivo para pararmos de nos falar. Uma pena.

De repente, do nada, sem medir consequências, resolvo partir para Madureira, R. Clara Nunes, Quadra da Portela, Comemoração dos 80 anos da escola. Entrada franca e cerveja Cintra liberada. Tinha até uma mulata que me fez repensar todos conceitos adquiridos nesses 24 anos de vida!

E nessa noite eu me lembrei como eu gostava de me divertir!

terça-feira, abril 08, 2003

Histórias de um 16 de março (I)

E daí que crescemos e o mundo aparentemente encolheu? Descobrimos felizmente que nem tudo é tão grandioso assim. E daí?

Raul tinha 40 anos, uma esposa, duas filhas lindas e um belo emprego de quinze anos. Um dia, sem mais nem menos, Raul foi despedido. Contenção de despesas, justificaram cinicamente. Ele saiu do trabalho arrasado e só pensava na melhor forma de contar para sua família. Foi então para um bar - afogaria as mágoas e tomaria coragem - e encontrou com amigos. Falaram de futebol, mulheres e trabalho. Todo grupo de amigos sentados num bar invariavelmente acaba falando de trabalho. E todo aquele amigo que não tem um bom trabalho ou que não tem nenhum acaba se deprimindo pelo sucesso dos outros. Não se trata de inveja.

No bar, Raul calou-se quanto à demissão. Quatro horas depois, sua esposa já bastante preocupada, um policial ligou e avisou que Raul havia parado o carro na Linha Vermelha e se jogado na Avenida Brasil.

Júlio tinha 27 anos, estudava direito e se descobrira portador de HIV já há 3 anos. Ele achava que tinha sido contaminado pelo uso de uma seringa numa festa na casa de amigos. Na verdade, Júlio fora contaminado por uma ex-namorada que o havia traído e ele nunca descobrira.

Numa festa na casa de amigos, Júlio conheceu Adriana, uma bela loira frequentadora do posto 9 em Ipanema. Os dois conversaram, foram ao cinema, jantaram juntos e se apaixonaram. Namoraram e só dois meses depois Júlio teve coragem de contar a Adriana sobre o vírus. Ela não segurou a barra e o abandonou. Por favor, não a condenem simplesmente - nem Júlio foi tão cruel com Adriana. Mas ele foi cruel consigo mesmo, não aguentou a decepção e se enforcou na sala de seu apê. Foi a vizinha, uma coroa de 80 anos, que sentiu o cheiro e avisou à polícia.

Um dialogozinho bacana tirado de um filme bacana... Último Tango em Paris
Jeanne é a menina novinha e bobinha e Paul é o Marlon Brando.

[Jeanne is telling Paul about her first love ]
Jeanne : I fell in love with him when I first heard him play piano.
Paul : You mean the first time he got inside your knickers.
Jeanne : He was a child prodigy; he was playing with both hands.
Paul : I bet he was!

segunda-feira, abril 07, 2003

Às vezes nos vemos encurralados e culpamos a vida, dizendo que ela nos pregou uma peça. Há momentos em que a insegurança de tomar uma difícil decisão faz com que adiemos nossos inevitáveis avanços.

Em 2013 eu teria 34 anos. Poderia ser um bom jornalista, até com algum destaque e prestígio. Teria um bom emprego, um belo carro do ano e um confortável lar. Conseguiria juntar uma grana e anualmente poderia viajar. Meus amigos, os mesmos de anos, continuariam ao meu lado. E eu teria uma família.

Minha filha, uma graça, chamada Ana Carolina, teria quatro anos e já estaria dando os primeiros passos no jardim. Ela seria fofinha, bochechuda e sorridente. Ela adoraria sorvete, cachorros e diria papai com intenso prazer. Ela teria medo de meu papagaio, já velhinho coitado. Carol também gostaria muito de passear e brincar no parque. Seus avós, meus pais, a levariam todos os dias à escola e eu, voltando do trabalho, a traria de volta para casa.

Minha esposa seria adorável. Uma verdadeira companheira que sempre me apoiaria nos momentos difíceis. Eu a amaria e esse amor seria recíproco. Faríamos amor com invejável frequência e nossa paixão sempre se manteria forte. Às vezes brigaríamos, mas seria impossível, para qualquer um de nós, sequer imaginar a possibilidade de ficarmos afastados.

Mas, em vez de tudo isso, em 2013 eu também poderia estar sozinho, morando em Lhasa, no Tibete. E como seria bacana ficar enrolando com a ponta dos dedos minha longa barba!

Infelizmente, como bem sabem meus amigos, eu não viverei até 2013.

Estou há muito sem atualizar nosso querido blog. Andei realmente sem tempo e, para ter uma idéia, também estou há muito sem encontrar Gustavo e Eduardo, queridos amigos que deveriam dividir esse espaço comigo.

Pois bem, vou parar de colocar textos sofríveis (como o da guerra) e fotinhos mais ou menos. Prometo me esforçar mais daqui para frente.