quinta-feira, dezembro 07, 2006

Pau duro

Cheguei em casa muitas horas depois do combinado e ela dormia, cansada feito eu mas provavelmente mais sóbria e mais limpa. Provavelmente. Conferi seu corpo na cama, abraçado a um travesseiro, o abdome respirando, os olhos fechados, o sibilo, os dedos. Veio o perfume como se ela não estivesse mais ali e tivesse me abandonado há anos e aquele cheiro fosse memória ou cicatriz. Fiquei de pau duro.

Senti o sangue concentrar e logo o pinto inchar e levantar, involuntário, forçando a cueca e logo uma pequena dor, um pequeno enema. Com a mão direita, senti a ereção e a apertei, era uma boa sensação se descobrir homem feito em plena madrugada, a fêmea sem saber, apenas ocupada em respirar. Se eu tivesse a noção do momento, bastava guiá-lo para dentro dela e sentir o pau duro penetrar sua carne aos poucos, rompendo o sono e grandes e pequenos lábios. Não seria a primeira vez.

Nidia acordava sempre com tesão porque já estávamos prestes a gozar e não ficava tudo muito claro, se era sonho, se era a morte. Raramente conseguia ter forças ou lógica para falar qualquer frase inteligível e, de qualquer forma, eu estava concentrado demais na minha ereção para entender outra coisa que não meu próprio corpo e logo sua voz aparecia em espasmos, talvez porque substituída pelo seu corpo uma vez desperto. Eu a fodia sempre num silêncio monástico, prendendo a respiração por minutos longos. Meu grande xodó eram seus olhos buscando a mim no breu do quarto.

Pensava nessa reminiscências enquanto ela, agarrada ao travesseiro, respirava natimorta. Havia sido um dia duro e eu agora estava ausente dentro de minha própria casa, diante de meu próprio corpo. Tirei as roupas para tomar banho, o pau duro, a boca alcoolizada, os passos turvos e me abaixei para dar um beijo no ombro desnudo, no espaço entre o cabelo e a coberta e o céu e então ouvi ela lamentar, sonolenta, "Estou tão cansada" e uma de suas mãos me acariciou o rosto e percorreu o tórax e agarrou o falo. O pau duro.

Nidia então fez-se manhã em plena madrugada. Adorava meu pau duro.