quinta-feira, março 02, 2006

Sobre a Carolina

Conselho: num momento de tristeza, olhe para uma foto da Carolina. E, não, não vou entrar em detalhes de quem é a Carolina, para não dar chances para que algum astuto tire fotos dela por aí. Mas vou descrever a Carolina e espero não ser injusto economizando em suas qualidades.

Ela, a Carolina, tem pouco mais de um ano. Às vezes torço para que ela tenha essa idade para sempre, mas às vezes fico imaginando como ela será com dez, vinte ou trinta anos a mais. Qual imagem seria a mais aconchegante? A da criança inocente, a da adolescente instigante, a da jovem cheia de vida ou a da adulta serena?

A imagem que amenizou meus últimos momentos de tristeza foi uma foto onde Carolina está com uma carinha assustada, fofa como apenas ela consegue ser. Está do lado do primo, com a avó atrás e um terço de uma pessoa em sua extrema direita, cortada pela inabilidade do fotógrafo. Era a foto mais próxima, a que chama a atenção quando se está sentado naquela cama, por ficar na altura dos olhos de uma pessoa de 1,86 metro. Mas tenho certeza que é a única foto naquele quarto que me daria algum conforto naquele momento. Cama, quarto e momento em questão não importam mais que a foto, portanto deixo os detalhes de lado.

Quando estou triste - por qualquer motivo - procuro alguma coisa para aliviar a dor. Encarar o problema de frente, nem pensar. Prefiro dar uma relaxada para pensar no assunto e só depois tentar resolvê-lo. Nunca dá certo, mas acredito ser uma boa tática. O problema é que usualmente - às vezes propositalmente - esqueço de buscar uma solução. As coisas não são ruins 100% do tempo e há sempre algo positivo para se apegar.

A foto da Carolina, portanto, encaixa-se com perfeição nos momentos que é necessária uma lembrança do alto valor da vida. É ela, a Carolina, que me faz lembrar que o mundo pode ser muito melhor do que parece e que as pessoas podem não ser tão ruins como eu sempre pensei. Na foto, ela está com os olhos bem abertos, deixando evidente duas bolas pretas e atraentes. Sua boca também está aberta, assustada com alguma coisa que ignoro por não ter importância. Crianças são assim mesmo e se assustam com facilidade. Mas rogo praga para qualquer pessoa que faça a Carolina, aquela Carolina, se assustar com qualquer coisa. Carolina merece tranqüilidade, porque em vários momentos ela já foi responsável pela minha tranqüilidade.

O nome Carolina, aliás, é tão marcante que já foi fruto de diversas músicas, de gente que eu respeito até, como Chico e Toquinho. Mas não há Carolinas como essa, a da foto, acreditem. E eu já conheci algumas. Carolina, a da foto, possui o olhar mais magnífico que eu já vi. Assim, sou mais feliz olhando para ela. Por esta Carolina, e só por esta, eu falaria, mentiria, choraria e sorriria. E que sua foto esteja sempre em minha visão então.