terça-feira, março 07, 2006

Como se chama o vão entre a perna e a vulva?

Eu tenho que escrever pornografia, eu tenho que escrever pornografia, eu tenho que escrever pornografia. Há dois posts, prometi que escreveria pornografia puramente pela diversão do tema. Mas não está fácil.

Depois de algum tempo escrevendo eventualmente num blog, aprendi que textos afetam sentimentos tanto quando estes afetam aqueles. É óbvio que não é fácil descrever felicidade em situações de tristeza. Mas, acreditem, textos otimistas já levantaram meu astral diversas vezes. A coisa funciona de forma simples: fico triste por algum motivo, sento em frente ao computador e crio uma história engraçadinha. É tiro e queda, melhor que Prozac.

Melhor até que sexo, pelo menos para resolver uma depressão considerada incurável. Sexo é muito bacana, lógico, mas é mecânico demais quando a cabeça não está concentrada na atividade exercida. Ambas as cabeças.

É a mesma situação ridícula do filme Munich, quando o 007 trapalhão do Mossad trepa com sua esposa enquanto imagina o atentado terrorista nos Jogos Olímpicos de 1972. Por mais que a parceira seja gostosa, fique de quatro e rebole alegremente, é impossível o sexo ser bom num momento de tristeza. É preciso resolver uma coisa, antes de se arriscar em outra. Nem mesmo um bom cunnilingus amenizaria problemas.

Mas com um texto é diferente. A atividade sexual é limitada por pudores ou limite de criatividade. Já a escrita não tem fronteiras. Todos os dias, momentos ou instantes, pode-se criar novas histórias e viajar em mundos inimagináveis. O conjunto atividade sexual, aliás, está incluído no conjunto ficção.

Assim, sai o pênis e entra a caneta; sai a vagina e entra o papel. O movimento com a caneta é praticamente sexual, considerando o prazer associado ao adjetivo erótico. Terminar um bom texto talvez não seja melhor que um orgasmo, mas dá um alívio e uma satisfação que sexo algum pode proporcionar.

Toda essa divagação foi gerada pela necessidade de se escrever um cartão de aniversário e pela dificuldade de se pensar num cartão fofo numa época que meu humor, historicamente, não é dos melhores. Um viés erótico seria uma boa opção, mas nem sempre o erotismo é bem interpretado e quase nunca fica bem no papel. Ah, sim, é possível ser fofo e erótico ao mesmo tempo, basta perder algumas linhas descrevendo como sua pele macia pode nublar a razão e fazer com que a consciência se perca em pensamentos libidinosos, condenáveis em outros tempos, mas justificáveis, até perante Deus, se considerada a beleza do vão entre sua coxa e sua vulva.

Este vão, que não sei se tem nome, é um bom exemplo de como palavras escritas podem afetar completamente as sensações de uma pessoa. Só em pensar nele, meu pênis enrijeceu e eu acabo de ter a idéia para o cartão de aniversário mais fofo que jamais escrevi. Então, mãos à obra. É que, assim como no sexo, depois de se acabar um texto, o que mais gosto de fazer é escrever outro.