terça-feira, fevereiro 07, 2006

Não há dogmas reais ou Como espantar caretas desse blog?

Eu odeio gente careta. Certa vez inventei, para um amigo que recentemente havia largado a batina, que havia dado o rabo na noite anterior. Ei, Lucas, eu dei o rabo ontem à noite, dei para o João. Lembra do João? Não acha que fiz muito bem?

Lucas ficou chocado, como imaginava. E eu acho mesmo que há situações em que devemos chocar os outros, com o objetivo de trazê-los mais para próximo da realidade. Ele desligou e disse que iria rezar por mim. Vou oferecer minhas preces para você, André, para que você reencontre Deus. Ele ainda ligou para o João que, malandro, confirmou a história.

Mas Deus não tinha nada a ver com o fato de eu dar ou não o rabo. Eu sentia a dor, o problema era meu, portanto. Assumir a passividade no sexo anal, naquele caso, foi a forma que encontrei para espantar a caretice de Lucas. Não sei se ele melhorou, mas sei que parou de me procurar até que eu desmentisse a história. Porém, até hoje, quando nos encontramos, ele fala que não acredita em desmentidos.

Com o objetivo de espantar a caretice, adoro falar para familiares ingênuos que determinadas pessoas, preferencialmente as de comportamento ilibado, usam drogas usualmente. Mas não tem nada demais, mãe, o Matheus cheira uma carreirinha só por diversão. Deus, nestes casos, também é evocado com palavras. Esquece-se que mais uma vez Ele nada tem a ver com isso e que ninguém tem o direito de evocar Deus.

Os caretas têm essa mania de reclamar de drogas. Eu, que quase nunca sou careta, não tenho problema algum com drogas, apesar de não as usar muito. Um amigo, Marcos, certa vez me ofereceu umas bolinhas coloridas dizendo que daria uma baita onda. Recusei. Porra, André, você é muito careta, cara, precisa se liberar mais. Mas eu encho a cara, faço minhas merdas e pouco tenho pudores, Marcos. Será que sou tão careta assim?

As bolinhas de Marcos, a carreirinha de Matheus, a confirmação de João e o espanto de Lucas são a maior prova que consigo lidar com distintas personalidades, sem me espantar. Até aceito os caretas na minha vida, com o mesmo afeto que aceito os ditos "modernos" (uma praga pior que os caretas, garanto). Só que não os quero aqui, no Inventando Dogmas. Eles nunca me entenderiam.