Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa
Caro André,
Que bom que as pessoas ainda insistem em ler o nosso blog, com tanta coisa mais interessante que há de haver a ser feito nessa vida. Que bom. Não que eu vá de deixar de escrever se ninguém mais virar pra mim e dizer algo a respeito das minhas elucubrações, mas sou humano feito qualquer um, gosto de saber que sou lido, mais ainda de saber que sou gostado. Modéstia é o caralho. Escrever só não me dá mais gosto do que trepar - trepar bem, sexo dos bons, não qualquer trepada.
Mas daí a gente começar a se policiar para não magoar olhos alheios, aí discordo. Claro, eu sei, a Josy é um doce de coco, um achado, uma pérola. Se ela se virasse pra mim e pedisse com biquinho pra eu não escrever mais frases do tipo "... ela gritou, a boca transbordando em esperma e baba e pediu pra ele gozar dentro de seu cu, seu glorioso cu, seu não mais tão apertado cu, seus não mais tão seu cu" eu tremeria. Porra. Mas seria um pedido injusto. É só ler o que a gente enuncia lá no subtítulo da página - As narrativas ficcionais aqui alocadas são exatamente o que parecem: ficção. Se as palavras incomodam, que se procure algo melhor. Há muito a ser lido no mundo, acreditem.
Já passei pela situação e sei que o estigma do "namorado que sabe escrever" pode ser sacal. Uma coisa é o namorado, outra é o escritor. São a mesma pessoa, mas não estão fazendo a mesma coisa. Como tenho uma tendência a escrever na primeira pessoa, é normal que o leitor imagine (e ainda mais num blog) que quase não há ficção na minha ficção. Você, leitor(a), pode achar o que bem entender, isso não me compete avaliar. Só não pode entrar numas de que realmente pego minha rotina aqui e batizo de ficção, porque não dá pra ser assim. Coletar elementos do dia-a-dia é uma coisa, transcrever minha rotina (sonífera, acreditem) é outra completamente diferente. Minha vida quero guardar pra mim. Minha ficção eu gosto de mostrar pra vocês.
Daí eu implicar com quem acha que, por exemplo, Luana, Nina, Paola, etc. já passaram pela minha cama. Implicar com a tendência a relações auto-destrutivas e cínicas das minhas personagens. Implicar com a quantidade de excreções e palavras chulas. Se você não acredita que eu invente as coisas ou não gosta do modo como coloco tudo no papel, veja bem, você não gosta do que eu escrevo. Não quer dizer que você não goste de mim, não é ofensa, não é nada. Eu provavelmente irei morrer sem que um mísero daqueles bilhões de chineses possam me ler porque duvido que algum dia eu seja traduzido para o mandarim. Nunca perdi uma horinha de sono por conta disso.
Ademais, as atrizes pornôs namoram, têm filhos e pais. As putas, em sua maioria, têm um namorado. Nenhuma delas deixa de fingir seu gozo na hora do vamos ver. Somos todos profissionais aqui. Se elas fecham os olhos e pensam em seus respectivos pra enganar a gente, não há como saber. Se usamos a ficção pra atiçar a realidade, a graça só existe se for feito em segredo. Escrevemos porque precisamos escrever. Escrevemos como precisamos escrever.
Relaxe, André. Essas moças são confusas (hormônios demais), mas espertas e malandras. Elas sabem muito bem o que lêem.