terça-feira, agosto 09, 2005

Toda Forma De Amor
Cena 5

Segurei na mão dela e saímos correndo pelo jardim, correndo mesmo, feito dois loucos. Aí paramos, cansados, ofegantes. Mas ela sorria. Tremia toda numa convulsão de felicidade e começou a tirar toda a roupa, blusa, meias, a calça, a calcinha o sutiã e ficou parada com aquele sorriso nu me encarando. Fiquei sem jeito, porque ela já tinha feito aquilo antes de tirar toda a roupa na minha frente, mas nós tínhamos 5 anos época, foi há vinte anos atrás. Eu era jovem e magro.

Ela voltou a correr mas soltou da minha mão e correu aos gritos, como se nada mais precisasse fazer sentido e só o seu corpo bastasse para a vida, correu e parou novamente. Eu fiquei olhando. Sentei no gramado, estava noite e era legal a grama de noite, era diferente dela de dia. Claro, era a mesma grama, o céu é que tinha mudado. Ela perguntou se eu ia parar. Tinha um sorriso branco em seus dentes amarelados. Vem comigo, vamos, é legal.

Levantei e comecei a desamarrar os cadarços, devagar, tímido, com vergonha da barriga que veio com os últimos anos. Ela percebeu e me jogou de volta na grama, arrancando o par de tênis e os varando noite afora. Aí, meias, o cinto, calça, a ceroula e fiquei só com uma camiseta igual à do Charlie Brown. Ela achou graça, apontou pra mim e voltou a correr naquela nada forrado de grama e ceracdo de estrelas. Nenhuma mulher poderia ser tão cheia de graça.

Corri atrás dela e comecei a gritar, feito ela, e tirei minha camiseta e estava livre, a barriga livre, os pés no chão, a garganta no mundo. Era engraçado, a gente parava sem fôlego para rir um na cara do outro e começava tudo de novo. Aí amanheceu o dia, a gente já tinha deitado por ali e caído no sono. Ela acordou primeiro, eu depois. Vesti as roupas e voltei pra casa. Nunca mais ela tirou a roupa na minha frente, nem quando transamos no banheiro do quarto dos pais dela na festa de seu casamento com meu primo.