quinta-feira, julho 21, 2005

Drama pessoal

Eu não gosto de Los Hermanos. Desde a enjoativa Ana Júlia, olhos torto pras coisa que Camelo e Amarante produzem. Eu, aliás, tenho birra com o Amarante. Sabe quando você não vai com a cara do fulano? Pois é. Não gosto deles, não tenho disco, não baixo mp3, não vou a shows, não choro com Primavera. Coisas da vida, escreveria Kurt Vonnegut.

Dei minha cara a tapa quando saiu o Bloco do Eu Sozinho. Era uma banda diferente, era algo mais real do que um radio hit. Tocaram perto de casa, resolvi ir lá ver, junto de milhares de pessoas que se espremeram no Cine Íris pra ouvir Marcelo Camelo e suas marchinhas roqueiras. Decepção. A grande sensação do rock nacional não passava duma bandinha mixiruca que só, guitarrinhas tímidas, uma vontade de ser Chico Buarque com coração do Roberto Carlos. Deu sono.

Meus amigos queriam emprestar o disco, me levar a shows, etc. Eu nada. Eles estouraram, o disco foi dito uma obra prima, Camelo virou referência na MPB e no rock, a barba que eu costumo usar me levava a ser indagado se eu gostava de Hermanos. E saiu o Ventura. Cara Estranho que passava na MTV era legal, confesso, O Vencedor grudava no seu ouvido, no meu também. Mas peguei o disco emprestado com meus primos e não consegui, em três tentativas, chegar na metade. A coisa simplesmente não fluía. Desisti, Los Hermanos não era pra mim.

Eu também não gosto de Smiths e abomino tudo que se pareça levemente com Joy Division. Capital Inicial sempre me pareceu algo medíocre, como a gigantesca maioria desses roqueiros oitentistas que viraram público alvo de gravação de acústico. Não sinto o feeling neles, parece algo pré-fabricado pra chegar num resultado certo, num ouvido específico, e eu sou surdo. Mas os Hermanos, eu às vezes me condeno por não gostar. Sinto culpa por ver tanta gente boa curtindo e eu querendo que a música termine logo.

Hoje li nalgum lugar que eles vão lançar disco novo daqui a uns dias. Bloquearam tudo pra não vazar na internet, como se aquele povo fanático fosse impedido por isso. Nenhum artista alcança tamanho grau de empatia com seu público apenas fazendo propaganda de refrigerante, é preciso haver talento. Eles têm. Dá pra sentir, ainda que não se goste, que eles são honestos em sua música, que aquilo ali é trabalho braçal e sentimento, é rock mesmo. A grande maioria não chega onde eles chegam. Fui ouvir a música nova no site deles, mas não adianta, ainda não foi dessa vez. Desculpem vocês, mas eu continuo achando Los Hermanos sacal.