sexta-feira, julho 15, 2005

Completo fracasso

Durante muito tempo, imaginei que poderia vencer na vida. Ou então simplesmente ser conhecido como um cara bacana. Riqueza ou simpatia: nada mais seria preciso. Acontece que a vida não é tão simples quanto poderia ser e toda a esperança acerca de possuir alguma virtude - material ou afetiva - desceram pelo ralo. Está tudo acabado.

Alguém por acaso já ouviu falar de um sujeito chamado André Miranda? Estudei com um cara que defendia a tese do sucesso aos 30 anos. Segundo ele, uma pessoa que não fosse extremamente bem sucedida profissionalmente até os 30, deveria buscar outro rumo. Não tenho 30, mas me vejo mais perto da idade fatal do que do sucesso. Vale a pena esperar mais quatro anos até perceber que estou numa furada? Das grandes, gente.

O problema é que não tenho tesão em mudar pela terceira vez de carreira e preciso ganhar alguma grana para pagar dívidas. Nem gasto muito, mas, certa vez, contabilizando os comprovantes de cartão de crédito, vi que mais da metade foi gerado em bares. Ou seja, até terminar meu best seller, ou paro de beber ou me contento com o jornalismo. A primeira opção está fora de cogitação, vocês sabem.

Existe uma série de vídeos infantis com "baby" na frente e o nome de uma figura famosa logo em seguida. Baby Mozart, Baby Shakespeare, Baby Einstein etc. Soaria bem, mas nunca vai existir um Baby Miranda, infelizmente. Isso é dogma.

O outro sonho, o de ser um cara bacana, esse já foi abandonado. Quando metade da faculdade de comunicação passou a me odiar por ter chamado umas meninas do Centro Acadêmico de "piranhas", vi que não existia um André simpático. Sou mal-humorado mesmo e ponto, não dá para enganar. E, vejam bem, naquela ocasião do xingamento, meu objetivo não era ser agressivo, acreditem.

Essa coisa de ser bacana me faz pensar em meus relacionamentos. Sempre quis saber qual personagem eu seria para Teresinha, a da música do Chico. O primeiro que veio do florista, o segundo que veio do bar ou o terceiro que veio do nada? Identifico-me com os três em momentos distintos. Às vezes trago bichos de pelúcia, às vezes litros de aguardente, às vezes não trago nada, mas deito na cama e as chamo de mulher.

Na música, Teresinha dispensa os bom e mau caráter e fica com aquele que simplesmente é bom de cama. É o que as mulheres querem mesmo. Mal sucedido e mal visto, eu poderia ao menos ser bem dotado. Mas nem isso, gente. Sou um fracasso. Um completo fracasso.