Roberto Jefferson, um cara legal
O Brasil perdeu, o Botafogo perdeu, o Dirceu caiu e eu não confio mais no meu carteiro. Pois é, essa crise mensalão/correios está afetando a vida de todo mundo. Só a baixa cotação do dólar e minhas férias de outubro parecem se manter fora da influência da esfera política e resistem bravamente.
A história do mensalão é triste, lógico, mas provavelmente verdadeira. É a lógica comunista. Se vale matar pelo Estado, por que não valeria pagar uma mesadinha para deputado para garantir o progresso? Tem que pagar, pagando, sabe? Pela mesma lógica bolchevique, não acredito que nossos companheiros embolsaram grana nessa história. Fizeram pelo País, pelo Grande Irmão e pelo Presidente Lula. Tudo maiúsculo mesmo. Se eu fosse deputado federal e tivesse que passar alguns dias por semana em Brasília, eu também aceitaria a mesada. Ou queimaria índios, para compensar a depressão.
Eu adoro discutir política, mas odeio trazer esse assunto para cá, por não poder inserir ficção sem parecer um completo alienado dos assuntos do país. Não dá para colocar o Dirceu e a Dilma na mesma cama, para incrementar a história, assim, de bobeira. Além da alienação, poderia vir um processo. Outro dia um sujeito foi preso por propagar idéias nazistas via orkut. Tenho medo, gente. Até entrei numa comunidade chamada "sou negro e tenho os olhos azuis": para poder circular bem por todas as raças e sobreviver. Queremos sobreviver, né?
A inexistência de histórias ficcionais faz a política brasileira ficar chata. Corrupção é muito comum e já estamos acostumados. Falta um Nasser para colocar um político posando de cueca para as câmeras de um Manzon. Nesse ponto, o governo Collor era imbatível. Teve ministro comendo ministra, tesoureiro morrendo assassinado com namorada, presidente comendo cunhada, cheirando, dando o rabo (dizem). Teve de tudo.
A esperança de o noticiário político voltar para cá noutra ocasião por minhas palavras é só uma: Roberto Jefferson. Porque esse, sim, é totalmente demais. Vale lembrar que estava lá ao lado do Collor divertindo os brasileiros. O Roberto Jefferson é ficção pura, um personagem rodriguiano. Ele fala as coisas de forma tão inacreditável que qualquer pessoa normal diria que ele está mentindo. Mas o genial da história é justamente que ele pode estar falando a verdade e grande parte dos brasileiros acredita nisso. No depoimento ao conselho de ética da câmara, na semana passada, só faltou Jefferson chorar de um olho só. No orkut, até agora, já existem mais de 150 comunidades em homenagem ao sujeito. Vou escolher uma para participar.
Chega de política então. O próximo texto, a não ser que o Jefferson apronte hoje no Roda Viva, será novamente uma ficção, prometo. Vou escrever sobre um órfão. E vou tentar ser fofo.