quarta-feira, junho 22, 2005

Lave a sua garganta, traidor.

Há algo de muito podre na história que Roberto Jefferson (e logo quem?) tirou da cartola e tascou no ventilador. Não é o mar de lama de corruptos que inunda Brasília e contamina o restante do país, porque todos nós, em maior ou menor escala, duvidávamos das boas intenções de se levantar o centro do poder de uma nação tão distante da possibilidade de seus representados tacarem o pau naquilo tudo, literalmente, como os bons jacobinos, se assim lhes parecesse o melhor a ser feito. O grande podre da história toda é que, até onde nos chega a vista, todos tentam como podem deixar de fora o comandante do Executivo, de onde se originou tudo. O comandante do Executivo em nosso país é ele mesmo, o Cavaleiro da Esperança de nossos tempos, o Lula.

Eu votei no Lula. Com o pé meio atrás, mas fui lá e dei meu voto de confiança para ele e para o possível governo do PT e, acima de tudo, contra a continuidade dos tucanos no poder. Que merda que eu fiz. Não demorou muito a ficar claro que o PT é o PSDB sem diploma de curso superior e título de doutor. O PT é o PSDB iletrado, poder-se-ia dizer. Tomou nas mãos a administração do país como se gerisse um time de peladas - só entra em campo quem é amigo do dono da bola ou quem levar umas biritas e uma carninha pro churras depois da pelada. Quem era o responsável pela administração vexatória da República? Ele mesmo, Lula, o próprio eleito.

O escândalo de pagamento de propinas por parte do governo (ou do partido que governa, que seja, mas quem governa o país é Lula, não Genoíno) não foi o primeiro deste governo e a suspeita de compra de deputados também maculou o governo anterior. Mas a eleição de Lula teve um aspecto simbólico muito forte que era o de colocar alguém no centro do poder que não compactuasse com a roubalheira, que não fosse um filho da puta corrupto, corruptor ou conivente. Alguém com colhões de não deixar as nossas esperanças serem vendidas. Isso é o podre na história toda, até onde Lula tinha conhecimento, até onde ele deixou passar e quem ele relevou.

A gente sabe que o poder se baseia em saber mais que os outros. Conhecimento é poder. Para você planejar suas ações de modo a bloquear, ou desviar a seu favor, as ações de seus subordinados e concorrentes. É inocência demais alegar que aquela gente toda em Brasília sabia da corrupção e o presidente, o homem que, entre outras coisas, é o comandante-em-chefe de nossas Forças Armadas, ignorava. Se Lula não sabia, o que mais ele não sabia, o que mais seus subordinados ocultavam de seu conhecimento? Ele estava ali de enfeite, tipo um boneco de posto? Francamente. Cantar essa bola para o público aceitá-la com o argumento de que o operário nordestino não seria capaz de gerir um esquema de ladroagem federal é preconceito. Lula convive com as entranhas do poder há quase duas décadas, ele sabe o que acontece ali, quem faz e quando faz. Lula pode não ser doutor, mas garanto a vocês que ninguém chega ao centro do poder de um país sendo estúpido.

Lula nos traiu da forma mais calhorda que poderia fazer. Fernando Collor, de namorada nova, deve estar rindo feito pinto no lixo.