sexta-feira, abril 22, 2005

Confissão para um amigo

Caro Leandro,

Definitivamente ando com dificuldade em arrumar assunto para encher esse blog. Faltam idéias, companheiro. Queria te contar como a vida por aqui está confusa, mas vou me segurar até a próxima sexta-feira e falar tête-à-tête, para não deixar as palavras registradas. Adianto que meu atual e maior objetivo é buscar a redenção de meus pecados, apesar de não acreditar muito neles e nem mesmo me arrepender.

Porque eu não amei a Deus sobre todas as coisas, Leandro. Reconheço ainda Seu amor como o máximo que podemos almejar, mas não fiz por onde. Ajo sem pensar Nele, sem mesmo considerar Seus mandamentos.

Não é difícil entender, então, que várias vezes usei Seu santo nome em vão. Sem pudor algum, fiz piadas sobre Ele, Seu filho e o Espírito Santo. Desdenhei até de Maria, maior símbolo da bondade cristã. Critiquei Seu plano para o mundo com arrogância.

Presença em Igreja, hoje em dia, só em casamentos ou turismo. Entro numa igreja para observar ornamentos, nunca para rezar. Mantenho algum respeito mas tenho certeza que, se houvesse oportunidade, faria sexo no altar só para contar para os amigos depois. Lembra da brincadeira do "eu nunca", que eu adorava tirar onda?

Papai e mamãe nem sabem quem eu sou, ou o que faço. Nunca me senti na obrigação de respeitar nenhum deles e pouco tenho apreço pela instituição familiar. Às vezes topo almoçar ou jantar com eles, mas não faço por vontade. É para evitar aporrinhações mesmo, acho.

Matar, ainda não matei. Mas desejei a morte de algumas pessoas, até mesmo a minha em momentos de dor. Isso fere o mandamento da mesma forma.

O sexto mandamento, então, é o mais grave. Além de ter pecado contra a castidade de várias formas, sozinho e com diferentes pessoas, nunca me arrependi. E continuo pecando sem pudores e vergonha.

Nunca furtei, revelo aliviado, mas compreendo o roubo como uma forma de justiça para alguns. Acredito, porém, que fico livre desse pecado.

Do oitavo mandamento, não tenho muito o que dizer. Minto tanto que chego a acreditar em minhas mentiras. Não diferencio coisas Mais do que pecado, é uma doença.

Leandro, você bem sabe o quanto já desejei outras mulheres. E sabe também que já tentei consumar meu desejo, não me importando com sentimentos alheios. André Miranda, o crápula.

Inveja, realmente acho que nunca tive. Só aquela saudável, nada nocivo.

Então, amigo, diga com sinceridade: há absolvição possível? Porque cada vez mais me preocupo com o caminho que sigo e com o futuro. Sabe aquela coisa de arcar com seus atos? Pois bem, isso começa a me atormentar.