terça-feira, abril 12, 2005

Another one from the storm (Leandro Godinho)

Deixe-me ser a grama que
seus pés pisam
e a fumaça que você tosse

porque estamos longe

e longe demais de qualquer

barbitúrico ou filme de amor,

deixe-me escoar através de suas

mãos e desaparecer,

não pode haver descoberta sem

que antes haja a perda

e tanto que perdemos pelos cantos

sem abrir os olhos para ver

algo nascer que assim

seremos apenas um bando perdido

de derrotados e obtusos,

os olhos embotados no próprio

deboche,

deve ter alguém que ainda crê

e mesmo torce para que

na próxima linha surja

feito mágica um

singular

verso de amor

e depois uma rosa

ou qualquer outra cor

mas agora não posso,

o amor ficou noutros versos

e aqui só restou

a tinta e talvez as letras,

mas decerto a poesia

ou pelo menos uma tentativa

de guiar pela escrita

o mundo ao seu coração.