Eu usei o nome dela em vão, da minha Nina. Doeu. Não era ela, mas chamei seu nome no delírio do gozo e suspirei como se nela houvesse sido a noite. Não havia, e doeu, abri os olhos e era outra, era dor, era ausência.
Nina estava longe, talvez adormecida. Eu estava sujo. A outra suspirava e me roubava, eu queria sair dela e correr para Nina, mas não conseguia, faltava coragem, faltava perna, faltava porta. A outra sorriu e sorri de volta, como se feliz estivesse, mas estava apenas confuso e cansado. Um sorriso dissimula tanta coisa. Sentei-me nu na beirada da cama com o cheiro da outra de companhia e memória. Eu tropeçava em minhas próprias decisões feito um ébrio tropeça em si nas escadas da vida.
Nina certamente me traía mundo afora, como se me pertencesse algum direito de exigir traição dela. O mundo era de Nina, a mim só restaria aquele quarto e minha própria consciência a ganhar um peso indevido. Nina também gozaria em outras camas longe de minha nudez, e gozaria sem culpa. Nina não se culpava por mim, nem deveria.
Quis morrer, mas me faltaram horas e balas. E a outra me abraçou noite adentro.