Seus passos de plumas deixaram pegadas pela sala, pelos banheiros, entre jardins como se todo o chão onde ele pisasse fosse neve, fosse leve e ele pesado. O sono pesado dela se desmanchava no ar por conta da insônia e ali, ela lhe escrevia, escrevia sobre a ausência dele, a impossibilidade daquele mundo que desconstruíam. Pela manhã, sorriam. Nem ouvi você chegar, menino. Não quis te acordar, linda. Mentiam.
Foi já na rua, as suas coisas em um par de malas que percebeu o envelope no bolso do casaco. Idiota, se perguntou como diabos ela sabia. O crime perfeito é aquele que não se comete, deveria ter aprendido a um bom tempo atrás. Então leu a carta debaixo de um poste de luz. Eram poucas palavras, mas viu que ela não temera, não tremera, nem ao menos errara na concordância.