quarta-feira, outubro 22, 2003

A Época desta semana deu como tema de capa novamente um tema recorrente: traição. Na reportagem, há um depoimento revelador da psicóloga Maria Helena Matarazzo, autora de Coragem Para Amar e talvez parenta de Marta Suplicy. Diz ela que ?estudos feitos no mundo inteiro mostram que a paixão dura de 18 a 30 meses. Depois disso, é preciso escolher entre uma viver uma tranqüila relação de amor com a mesma pessoa ou uma nova e arrebatadora paixão com outro.?

Vejam só que bacana, agora também podemos limitar as relações entre homens e mulheres com datas de validade. É supimpa ver os bacharéis e quetais esgarçando-se pelas vidas alheias com o fim de nos ensinar como deveríamos orientar a nossa. Sempre que me deparo com esse tipo de informação, sinto que estou ficando para trás na marcha da evolução das espécies, pois, que diabos me levou a pensar que estamos sempre à procura de alguém que seja pra sempre e, mesmo que o pra sempre seja breve, importa continuar procurando esse alguém?

Psicólogas e sonetos à parte, a minha lógica (bêbada, míope, de barba por fazer e surda, mas minha) acredita que homens e mulheres não foram feitos uns para os outros. Nossos poréns e horários dificilmente coincidem, nossos espaços se invadem. Desconheço qualquer amigo meu que seja entusiasta da afamada Sex & The City nem do Saia Justa, o que dirá do Meninas Veneno. E desconheço qualquer mulher que compreenda sem rancores que nós gostamos tanto de jogar quanto de ver jogado o nobre esporte bretão, seja no campo, seja na TV ou mesmo no video-game. Elas procuram por campeões olímpicos dispostos a sacrifícios e flores, nós procuramos apenas uma menina que goste de gostar da gente.

Pela lógica, eu devo acreditar que ser feliz sozinho é muito mais fácil. Mas não, não acredito nem um pouco nisso. Essa é a graça de ser humano, a lógica não nos justifica. Como vários, e talvez até como a Srta. Matarazzo, estou aí procurando a minha suposta cara-metade. Estamos todos correndo atrás de nossos dezoito meses, que podem muito bem durar dezoito anos ou dezoito minutos, tudo depende da gente querer. Mas, no fundo, o que buscamos mesmo é alguém que nos faça perder o controle, que nos faça maiores e nos faça eternos.

Então, retomando o ponto inicial, não nos custa nada lembrar que alguns casais permanecem mesmo após trinta e um meses juntos. Homens e mulheres, juntos, em impossível harmonia, comungando-se mutuamente. Será que duas pessoas poderiam se amar tranqüilamente por anos e anos sem estarem apaixonadas? Será que alguém consegue amar sem tesão? Será que estudos no mundo inteiro ignoram o que quem já amou sabe tão bem quanto eu: sacanagem com amor é muito mais sacana?

Acho que a Srta. Matarazzo está precisando de alguém pra ela. Um alguém que seja capaz de deixar de ver os gols da rodada para que ela não perca o beijo da novela. Afinal, tudo que nós precisamos mesmo é amor. Se possível, com cafuné e café na cama.