Elefante, o novo do Gus Van Sant, poderia ser melhor. Mas, de maneira geral, é um filme bem acertado, com narrativa esplêndida.
Mostra, quase documentalmente, como os princípios individualistas do consumo imediato estão nos transformando, de modo sutil, em pequenos homicidas. Ao retratar momentos na vida dos jovens que tomaram (ou teriam tomado, é um filme de ficção) parte na tragédia de Columbine, onde dois estudantes chacinaram colegas de classe e professores para depois se matar na Columbine High School, lá na Matriz (mais detalhes, o Michael Moore fez um bom documentário sobre o tema intitulado "Tiros Em Columbine"). Van Sant demonstra que não há grandes culpados, e por conseqüência, também não há grandes vítimas.
Todos eles simplesmente estavam ali. Alguns suportaram a pressão, alguns conseguiram sorrir, outros resolveram sair matando. E o mundo continuou em frente. Essa foi a grande sacada do filme, que quase se perde por deslizes menores do diretor, que tentou temperar a salada com pitadas de nazismo e homossexualismo. Diante da rapidez atual com que a vida segue, diante da possibilidade de encomendar armas por computador e recebê-las via sedex, diante das barreiras que as pessoas criam para evitar ao máximo conhecer o outro matar alguém ou matar alguéns ou não matar ninguém hoje em dia (para nós, que não morremos de fome) resolve-se da mesma forma como decidir ou não ler esse post até o fim. É uma decisão individual, em que cada vez menos importa um outro olhar. E o humano só pode ser humano quando coletivo.
Para quem já viu e pretende rever e para os que ainda pretendem assistir ao filme, reparem na fotografia. Em poucos filmes as imagens disseram tanto e com tanta profundidade.