quarta-feira, setembro 03, 2003

O vôo havia transcorrido na maior das tranqüilidades, ela relaxava ao ombro dele feliz por estar nas nuvens. Chegariam de volta à terra que ele preferia em breve, talvez meia hora no máximo. Ela inocentemente roçava seus dedos por sobre o volume tenso que pulsava denro das calças dele. Ele estava lendo um livro, mas a cada palavra os dedos inocentes ficavam mais interessantes que a vida boêmia do famoso jogador de futebol biografado e logo precisou levantar-se para ir ao banheiro. Não havia filas, ele entrou.

Após algum trabalho tentando urinar as quatro doses de uísques paraguaios ingeridos durante o vôo estando em alerta, lavou o rosto, pensou nas criancinhas passando fome na África e aliviou a ereção. Ao abrir a porta do banheiro não pôde sair; um desejo furioso o empurrou de volta e o sentou na privada, ao mesmo tempo em que trancava a portinhola. Seus dedos já não queriam mais a inocência, e levantaram a saia. Ele abriu a braguilha, desceu as calças e empurrou a calcinha dela para o lado. Ela se estacionou nele, e afundou naquele homem tentando absorvê-lo inteiro mordendo suas orelhas, mastigando seus beijos e sugando a sua respiração. Filho da puta, achou que podia me deixar com tesão pra nada? Arrancou um pedaço do lábio inferior dele que sangrava e ardia e o fez marcar sua mão na coxa direita dela.

As aeromoças informavam os passageiros que o vôo estava adentrando numa pequena turbulência, que todos afivelassem seus cintos e mantivessem a calma, o mais importante era relaxar e começou a passar no telão um filme da Disney do Fusca falante. Ele a esbofeteou na cara e cuspiu na boca que beijaria logo em seguida, ela começou a cavalgar pra valer, se agarrando naqueles braços que ela delirava só de pensar que se fletiam e suavam masturbando aquele pau que a comia sonhando que a fodia das formas mais sujas possíveis. Você gosta disso, né, cachorra? Ele desabotoou a camisa dela e mergulhou naqueles peitos maduros que cheiravam sempre bem e mordiscou aquelas duas peras, arrancando pequenos nacos, sugando todo o seu sumo. Ele bombeava com força para dentro dela, que segurava os gritos dentro de si, o tsunami que varria a sua buceta cujo cheiro já invadia os corredores da aeronave onde alguns passageiros já começavam a acreditar no medo que sentiam pelas nuvens escuras que envolviam as suas janelas. Na primeira classe, um famoso senador dava pitis dizendo que não poderia morrer ali, não agora, não sem Jorge por perto para o acalmar e retirava do bolso do paletó um saquinho onde cheirava a cocaína que o enriquecia e pagava as faculdades de seus três filhos. As crianças se entretinham com o Fusca rodopiando. Alguns pais já tinham crises de asma.

Ela cravou os coturnos no chão, o dedo dele roçando em seu ânus, suas nádegas sendo apertadas com ferocidade, ela tatuou seus gritos nas costas dele a unha e sangue. Era difícil respirar, era complicado existir sem gritar. Cachorra. Filho da puta. Mais tapas, mordidas e então ela já não acreditava mais em nada, nem em Deus, nem no inferno, nem no cheiro da buceta dela que açoitava as nuvens lá fora. Seus olhos não viam, sua boca não falava e então ele num último suspiro a encheu de porra. Uma porra amarelada, espessa que saiu dele durante três longas bafejadas. O avião trovejava, tremia e ele a engolia. A última gozada lhe doeu os rins, pois que não tinha mais nada para sair dele, só os suspiros.

Morreram assim, amantes, de olhos fechados, suados e feridos dez minutos depois.