segunda-feira, julho 21, 2003

A incrível arte do cunnilingus ou O que fazer entre as pernas de uma mulher?

O termo cunnilingus tem sua origem no latim. "Lingere" significa lamber e "cunnus" significa algo parecido com capa ou pele - se até meu português é falho, meu latim então nunca foi lá grandes coisas. Enfim, praticar cunnilingus nada mais é do que o ato de estimular a vagina com a língua.

Sua história nos remete até os primórdios da humanidade. Nossos ancestrais das cavernas podem ter observado e copiado animais selvagens que, atraídos pelo forte odor, têm o hábito de lamber os genitais de seus congêneres.

Já no mundo civilizado, há registros de felação na Grécia e no Egito antigos, mas nada de cunnilingus. A prática do sexo oral era historicamente vista como a submissão de uma pessoa ao controle de outra. Com isso, nas sociedades antigas onde a figura masculina sempre foi vista como a única detentora das forças física e intelectual, considerava-se extremamente vergonhoso para um homem se submeter a praticar o cunnilingus com uma mulher. Portanto, um jovem pederasta grego iria preferir muito mais se ajoelhar perante um Sócrates a descobrir os encantos vulvovaginais de uma ninfa filha de Afrodite.

Com o advento do cristianismo, o prazer sexual passou a ser visto como uma porta aberta à entrada do demônio. Na Idade Média, sexo oral era sodomia e esta era considerada um dos mais graves pecados. Seja por culpa do machismo, seja por uma culpa dita divina, nossa sociedade hipócrita por muito tempo renegou a prática do cunnilingus.

Só há poucas décadas, com as mulheres brigando pela igualdade de gêneros e o sexo oral aparecendo como uma forma segura de contracepção (e erroneamente até visto como forma de prevenção de DSTs), o cunnilingus passou a ser praticado no mundo ocidental sem culpas e com total consciência de seu objetivo. Ainda, é provado pela ciência que pouquíssimas mulheres conseguem alcançar o orgasmo somente com a penetração, sem estímulo algum ao clitóris. Desta forma, o cunnlingus aparece como uma ótima opção.

Mas no Oriente sempre foi diferente. Realizei meu primeiro curso na arte do cunnilingus em Mangnai, cidade ao extremo leste tibetano, próxima ao lago Gasikule. Meu mestre, Yui Hiar Wonh, praticava o ato por mais de quinze horas consecutivas, sem que a mulher alcançasse o primeiro orgasmo. De lá para cá, foram seis especializações na Índia e um MBA no Japão.

Só há um passo necessário para realizar um bom cunnilingus: entender o porquê de o estar realizando. Nunca se deve pensar que se trata de uma doação ou até de uma obrigação. Admirar a textura da vagina e a apreciar seu sabor são fundamentais. Mais importante do que a prática em si, é gostar do cunnilingus e também ter prazer com sua realização.

A prática segue os mesmos princípios que guiam as flechas do tão pop arqueiro zen. Segundo Baso Matsu (709 a 788 d.C.), o zen é a "consciência cotidiana", nada mais do que "dormir quando se tem sono e comer quando se tem fome". Agindo desta forma, compreendendo que o arqueiro, o arco e o alvo são um só e precisam uns dos outros para fazerem sentido, a flecha sempre chegará ao alvo - não pela precisão do atleta, mas sim por seu satóri, uma espécie de intuição.

Assim, o cunnilingus é a extensão da língua na vagina, o preenchimento de um espaço que quer ser preenchido. Os detalhes como velocidade, respiração e posições serão sempre pormenores perto da compreensão que a língua deve se espiritualizar e se unir à mulher. Outro ponto importante é, mesmo sabendo se tratar dde uma sensação especial, encará-lo com naturalidade. Lembrando um ensinamento de mestre Wonh, "quem o experimenta, melhor fará se o ignorar, já que somente uma firme serenidade é capaz de fazer com que ele volte sempre".

Aprendido isso, um cunnilingus não tem limites