quinta-feira, julho 10, 2003

Há profissões que, parecem, só existem no período do Carnaval. Salvo, antes de prosseguir, as adoráveis pastorinhas que sempre foram graciosas, viram a estrela dalva, cuidam dos pastoris e já anunciaram escolas vencedoras. Além disso, coitadas, as pastorinhas foram praticamente esquecidas nos dias de hoje - mas mantêm-se imortais no lirismo de Noel Rosa.

Mas e o resto? O que um Rei Momo, aquele gordo mórbido, faz no resto do ano além de emitir, aos jornais populares, sua opinião sobre a escolha do enredo da Mangueira? "Eu acho que o enredo é muito bom e que a escola vai fazer um grande Carnaval", sempre repete o gordo. Fora do período do carnaval, ninguém chama o pobre coitado para festas e ele não aparece na Caras. E, mesmo me esforçando um pouco, não consigo achar utilidade para um gordo sambista no mundo real. Nem como contínuo, profissão que não exige muito esforço intelectual mas, como todos sabem, necessita de muita potência sexual para lidar com as gostosas que adoram trepar com contínuos - e um gordo não tem potência sexual. É triste, mas gordos sambistas só têm utilidade para a sociedade em fevereiro. E os gordos ruim de rebolado nem para o Carnaval servem, coitados!

Ao contrário de um Rei Momo, que é gordo e não inspira desejo em pessoais normais, pertence também ao grupo de desocupados fora do Carnaval a Valéria Valenssa, que é gostosa e inspira desejo em muita gente. O que faz a mulata da Globo no resto do ano? Sim, oká, ela satisfaz as necessidades criativas de um alemão babão, mas dar para o maridão é obrigação, não conta como ofício. A Globeleza deve ficar o ano inteiro de pernas abertas com um alemão no meio. Deve malhar, seguir dieta macrobiótica e ensaiar uns passos de samba. E sempre despida. Isso não é uma ocupação digna que permita classificarmos a sra. Donner como trabalhadora!

Um amigo aqui do trabalho cita, também como desocupada fora do Carnaval, a Luma de Oliveira. Mas eu rechaço a indicação de Luma, lembrando que ela há muito deixou de ser apenas uma bela rainha de bateria, para ser empresária. Qual empresa? Eu não sei, mas sua alcunha nos jornais agora é de empresária e, se não em engano, ela teve responsabilidades no calendário dos bombeiros bonitões. Luma de Oliveira, portanto, tem uma ocupação!

E a mais grandiosa profissão que só existe no Carnaval é a de Clóvis Bornay. O que faz um Clóvis Bornay no resto do ano? No aniversário da Portela que eu prestigiei nesse ano, estava lá um Clóvis Bornay - aliás, também estava um Rei Momo. Não sei exatamente o que eles faziam lá, mas que deviam estar fazendo alguma coisa, deviam.

Aliás, o que faz exatamente um Clóvis Bornay no Carnaval?