sexta-feira, junho 27, 2003

O amor de cada um (V)

José Silva tinha 32 anos, morava no Arizona, Estados Unidos, numa casinha à margem do rio Colorado. Seu pai, Wellington Silva, tentara se mudar para a Califórnia em 1849, em plena corrida do ouro, mas sua diligência quebrou e ele acabou ficando no Arizona, estado desocupado pela civilização, recém cedido aos americanos pelo México. E foi naqueles vales do maior deserto da América que cresceu Silva, o filho. Foi lá que ele aprendeu a temer e odiar os Navajos, tribo indígena não tão famosa como os Apaches, mas bem mais astuta e perigosa. As lendas do velho-oeste garantem que foram os Navajos que colocaram fogo na biblioteca de Tucson, com objetivo de impedir que sua crueldade se espalhasse pelo mundo. "Que Gerônimo que nada, o índio mais perigoso do final do século XIX foi Crazy Hair", costuma repetir pelas ruas de Phoenix o morador de rua Horse Leg, descendente dos Navajos.

Era 1876 e Silva, o filho, já era um renomado cowboy, famoso por ter perseguido a gangue dos Clantons a pé e sem suas botas através de uma "floresta" de cactos. Ele era casado com Cindy Cox Silva, uma ex-prostituta que Silva resgatara do Mr. Clyde Saloon, concorrido bordel da região cujo dono, James Clyde, frequentemente batia em suas moças. Cindy cuidava bem da casa enquanto Silva, o filho, vagava pelo velho oeste em busca de aventuras. Ela era uma esposa fiel.

Certo dia, enquanto Silva, o filho, lutava ao lado do xerife Wyatt Earp contra os irmãos Bart na fronteira de Nevada, um maldito navajo bateu em sua porta. Cindy, esperançosa por ter seu marido retornado ao lar, abriu sem maiores cuidados - ela tinha uma spencer calibre 12 para qualquer eventualidade, mas se esqueceu de deixá-la a postos.

O navajo, aquele facínora, chamado Black Bull, não deixou nem a decência de Cindy liberta. Ele comeu todos seus orifícios da forma mais suja que só um navajo conseguiria fazer. Depois de saciado sexualmente, o perverso ainda bateu em Cindy com o cabo de seu tacape por 10 minutos e depois escalpelou sua cabeça e sua vagina. Em nenhum momento, Cindy, praticamente uma santa de tão fiel a Silva, o filho, chorou, gemeu, gritou ou transpareceu qualquer menção de medo em seus olhos. Era brava aquela Cindy! Nunca no Arizona se ouviria falar de novo de uma mulher tão valente como ela.

Exatos nove dias depois, com o sol escaldante das 12 horas que só o deserto americano proporciona, depois de matar três Barts e ter salvo a vida de Earp interceptando com um tiro uma navalha que encontraria o coração do xerife, Silva, o filho, voltou. No caminho já estranhara a grande concentração de condores sobrevoando a planície onde se localizava sua casa. Mas quando chegou, a sensação foi pior. O que restara de Cindy estava estirado no chão da porta de sua casa, cercada por abutres comendo seus restos mortais.

Silva, o filho, nem se deu ao trabalho de procurar pistas - só um navajo poderia ter feito aquilo. O cowboy, como não poderia deixar de ser, não chorou. Ele deu as costas para sua casa e dali foi direto para a tribo navajo de Dwelight Valley. Moravam ali uns 150 índios e todos morreram. Silva, o filho, não falou nada, simplesmente chegou atirando. Não poupou nem mulheres, nem crianças. Não teve escrúpulos em empilhar os corpos e colocar fogo depois, só para ter certeza que não sobraria ninguém.

Depois de saciar sua vingança, Silva, o filho, voltou para casa e enterrou os restos de Cindy. Pôs fogo em sua casa e saiu dali sem rumo, com o único intuito de dizimar os navajos do meio-oeste americano.