quarta-feira, junho 11, 2003

Esse texto que segue é 6 de fevereiro do corrente ano. Estou colocando aqui porque o André já escreveu sobre ele (dia 22/05/2003, role abaixo a página, bróder/sister), e não custa nada postá-lo aqui então (escrevi para outro blog).

Lucía y el sexo

O filme passou no ano passado aqui na terra do Molejo, arrancando aplausos e suspiros nos cinemas. Dirigido pelo espanhol Julio Medem, traz aos nossos olhos uma trama bem elaborada e carregada de emoção. Mas não vou contar o filme para vocês aqui, queridos. Quero só colocar umas impressões dele, se bem que a combinação de Naldecon e Parenzyme está me nocauteando de sono.

Apesar de Lucía, interpretada pela delícia Paz Vega, ser a protagonista de fato do filme, os fatos que nele são narrados ocorrem por causa de um homem, Lorenzo, um escritor em vias de se afirmar como tal. Através do relacionamento de Lorenzo com Lucía (e Elena, e Belén, e Luna) o filme se desenrola através das sem razões do amor, talvez o mote principal da história. Pode ser um amor de uma noite só (Elena), um amor ainda apenas sexo e tesão (Belén), um amor com A maiúsculo (Lucía) ou o amor de um pai por sua filha (Luna), em todos eles eles encontramos os elementos do humano e de suas inconseqüências. O interessante da história é que, mesmo centrada na visão de um homem, a narrativa é feminíssima. Lorenzo, homem que vive intensamente suas mulheres, se descobre pai, e agora também quer viver a sua filha. Mas “de que adiantava ser pai, se a filha não sabia”?

A impossibilidade de se viver sozinho no mundo é outro mote do roteiro. A solidão sempre procura por algum ombro amigo que acabam nos levando a experiências e relacionamentos e outros desencontros. Mesmo estando sós, precisamos contar com algo que nos faça esquecer a solidão – e então bebemos, escrevemos, enlouquecemos, suicidamos. O humano é um animal coletivo e só em conjunto com outros humanos pode ser animal completo.

O sexo é retratado de maneira interessante na trama. Sexo é comunicação, transmissão de mensagens. Nunca havia parado para pensar nisso até hoje de manhã. Mais que desejo, as pessoas precisam de um receptor para as suas vozes. São duas pessoas que se querem e se completam e se sentem por alguns instantes, sejam horas ou anos, o que determina é o conteúdo da informação que trocam.

Mas, vejam bem, pode ser que tudo aqui escrito seja apenas bobagens saídas duma mente que já bebeu demais. Até porque essas palavras e idéias renderiam muito mais e melhor numa noite movida a chope e bate-papo. Vocês só saberão vendo o filme e me convidando para um chopinho a qualquer hora. Está dada a dica.